quinta-feira, 27 de outubro de 2005

Samuel Beckett + Ben Harper = Lágrima no canto do olho

dizendo de novo

dizendo de novo
se não me ensinares eu não aprenderei
dizendo de novo há uma última vez
mesmo nas últimas vezes
últimas vezes de suplicar
últimas vezes de amar
de saber de não saber de fingir
uma vez mesmo das últimas vezes para dizer
se não me amares eu não serei amado
se eu não te amar não amarei mais
agito de novo palavras secas no coração
amor amor amor pancadas do velho êmbolo
moendo a inalterável
pasta das palavras

de novo com o pânico
de não amar
de amar mas não a ti
de ser amado mas não por ti
de saber de não saber de fingir
fingir

eu e todos os outros que te vão amar
se te amarem

(versão de Pedro Mexia da segunda parte do poema «cascando», 1936, de Samuel Beckett, a ler ao som de Amen Omen)(Fonix)

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

...Maricas...

...o que eu ia dizer...que não me sai da garganta porque até parece que arde...vai ter de ficar para amanhã...

domingo, 9 de outubro de 2005

Hoje estou feita gente rude do campo

Chuva, chuva, chuvinha...
Aí que boa que é a chuvinha...

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

A poesia...

...Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre.
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser,
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência,
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.

segunda-feira, 3 de outubro de 2005

Fica ou deita fora

As arrumações podem ser uma experiência reveladora. Geralmente as minhas revelam imediatamente que não faço arrumações com a frequência necessária.
A experiência resulta quase sempre em hilariantes reencontros com o passado. Refiro-me especialmente às dedicatórias que os colegas de escola deixavam nos estojos e nas pastas que ainda andam pelas minhas gavetas. "És uma miuda muita fixe, porreira e doida..." ou então "Para uma hiper-amiga super divertida...". Jasus, a galhofa da linguagem pra' frentex é inevitável. Mas adiante...
Nesta última arrumação já sairam das minhas gavetas e afins quase 5 quilos de, enfim, toda uma panoplia de inutilidades guardadas ano após ano. Sempre na convicção de que um dia se vão tornar raridades valiosas. Entre as maravilhas encontradas conto, três pins enferrujados do Curro (mascote da expo'92), um pequeno livro sobre sexualidade para levar no bolso e alguns bilhetes de cinema cujo nome do filme era impossivel ler. A sensação que tenho depois de, como diria um amigo meu, arrumar o quarto e organizar umas cenas, é a de estar a mandar fora peso do barco para que o barco não vá ao fundo e continue a flutuar.

domingo, 2 de outubro de 2005

sniff

But I live,
I live a hundred lifetimes in a day.
But I die a little
In every breath I take.

Amen omen,will I see your face again?
Amen omen,can I find the place within
To live my life without you?