quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Coluna dedicada às baixas do amor

Esta coluna é dedicada ao amor.
Não a ti, recém casado. Nem ao casal que está há 35 anos a celebrar junto o Natal, rodeado de alegria, nem à rapariga bem resolvida, ou a ninguém que não ande a fazer terapia.
Não. Esta coluna é dedicada às vítimas do amor. À Mel B que quer que o Eddie Murphy volte a amá-la, ao meu amigo João que descobriu que a namorada ia deixá-lo por uma mulher quando viu o nome Maria tatuado no braço,ou à Vera cujo namorado anda enrolado com a vizinha.
Isto é para as pessoas que vão lembrar 2006 como o ano em que os seus corações foram arrancados, regados com gasolina e depois queimados numa fogueira crepitante.
É para as pessoas que fingiram ser alérgicas ao bacalhau para poderem ir chorar para detrás da árvore de Natal.
Isto é para todos os indivíduos de coração partido que olham para 2007 como 365 dias de ininterrupta solidão, sem sequer uma série de argumentos violentos e irresolvidos como companhia.

Na verdade, isto é uma coluna sobre a Alemanha, disfarçada de coluna sobre o amor.
Ou melhor, é uma coluna sobre aquilo que os alemães nos podem dizer sobre o amor. Para além daquilo que a Alemanha já nos disse sobre inveja, ódio e intolerância, eles têm qualquer coisa a dizer sobre o amor. Acreditem em mim.
O, chamemos-lhe Otto, era alto, simpático e bonito mas de vez em quando tinha explosões de irritação vindas não sei de onde. Numa conversa sobre um româncista frances Michel Houllebecq, Otto disse-me enfurecido: Porque é que precisamos desse escritor de merda para nos dizer que a vida é uma merda? Até os não alemães que estavam presentes perceberam que a pergunta era retórica e baixaram as cabeças. Otto pediu desculpas e perguntou-me se queria ir jantar.

Durante o jantar, o Otto explicou-me o seu problema. Com lágrimas nos olhos disse-me que tinha sido deixado pela Marietta essa segunda -feira, não apenas o amor da sua vida, como sua colega: "Sempre que vou buscar um cappuccino ao bar ela está lá!"
Otto estava fora de si: "Diz-me o que fazer!". Depois disse:“Ich habe Liebeskummer.”
Ok, não é fácil traduzir a palavra liebeskummer para português e isso é porque, em Portugal o conceito deixou de esxistir. O dicionário diz desgosto amoroso, ou saudades, mas isso só não chega. Com certeza que não podes anunciar aos teus colgas que lamentas não poder ir ao café essa noite porque estás com "saudades". E isso é porque, sempre me pareceu, um coração partido já não é levado muito a sério hoje em dia.
Uma relação acabada é algo que deve ser seguida de imediato de bebidas, saídas e esquecimento.
A ideia de que a dor no peito não deixa sequer chegar á porta está completamente extinta.
Na Alemanha pelo contrário, liebeskummer é quase uma doença com sintomas reconhecidos. Lá é aceite que liebeskummer implica palpitações, náusea, comportamento irritadiço com tendência para gerar discussões, incapacidade de concentração e problemas de circulação.
Na Alemanha não tens de explicar que o facto do teu amor te ter deixado levou a problemas de auto-estima e de confiança. A palavra liebeskummer diz tudo. Depois vai ainda mais além.
Liebeskummer é levado tão a sério que houve pessoas a tirarem dias do trabalho em seu nome. Diz a palavra liebeskummer e está assegurado que precisas entre 3 meses a 1 ano para voltares ao normal. Eu acho que é uma boa palavra especialmente nesta época do ano.
Era tão mais fácil se a palavra existisse em português. Uma simples palavra que implicitamente explica porque é que, na véspera do Ano Novo alguém prefere ficar em casa sozinho a ver o Música no Coração e a apreciar o próprio sofrimento.
Geralmente só se suportar esta condição porque se sabe que se está a sofrer de liebeskummer, e que o liebeskummer só dura no corpo uns quantos meses.
Assim que diagnosticares liebeskummer a questão que se levanta é saber o que fazer.
Os alemães não encontraram solução mas acho que eles lidam com os corações partidos melhor do que nós.

The New York Times

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Por mim, tudo bem

Epa, de repende 5 comentários. E o Pepe vive? Humm. Obrigado e boas festas para todos!

Entretanto..
Veio o frio, os cachecois, as botas e os aquecedores.
Vieram as luzes de Natal, as árvore, as viagens e as prendas.
Veio o perú, o bacalhau, o vinho e as filhoses.
As alegrias, as desilusões, os beijinhos e os abraços...
Vem ai o fim de ano, a paparoca, o champagne, o reveillon
Festa, alegria, o pessoal mexe-se e fala, e volta a falar e coisa e tal, e é por essas e por outras que eu hoje não sinto lá grande vontade de celebrar seja o que for.

sábado, 2 de dezembro de 2006

Devia estar a fazer os TPC's mas...

Tenho um boneco muita feio em cima da mesa do meu quarto, oferda da Mac'Donalds. Parece um ET, e se carregarmos na barriga, deita luz daquilo que parece ser o nariz.
Se não o der urgentemente a uma criança esta coisa feia vai continuar aqui ao lado do computador, a "olhar" para mim com aquelas coisas estrábicas que tem na cara.
Já o devia ter deitado fora, mas eu não consigo. É plástico, o plástico há-de ter o seu valor. O Mac até se deu ao trabalho de lhe por um on/off e pilhas. Eu sei lá se um dia não o dou a alguém que o vai adorar, ou que o vou conseguir vender na feira da Ladra?
Se calhar não.
Entretando esta coisa cor-de-laranja e azul vai ficar por aqui. É impressionante como coisas importantes como as minhas chaves, parece que desapareceram evaporadas no cosmos e esta foleirada não se perde misteriosamente nunca.