segunda-feira, 15 de novembro de 2004

Everybody's Free To Wear Sunscreen

Usa protector solar.
Se te pudesse dar apenas uma dica para o futuro, essa dica seria: protector solar. Os benefícios a longo prazo do protector solar foram provados por cientistas, já o resto dos meus conselhos não têm maior base de confiança que a minha própria experiência. Vou dar esses conselhos agora.

Aprecia o poder e a beleza da tua juventude. Oh, esquece. Não vais perceber o poder e a beleza da tua juventude até que ela se desvaneça. Mas confia em mim, daqui a 20 anos vais olhar para fotos tuas e vais relembrar de uma maneira que agora não consegues compreender, as imensas oportunidades que se dispunham á tua frente e o quão fabuloso realmente parecias. Tu não estás tão gordo como pensas!

Não te preocupes com o futuro. Ou melhor, preocupa-te, mas lembra-te que a preocupação é tão eficaz como tentar resolver um exercício de álgebra a mastigar pastilha elástica. Os verdadeiros problemas da tua vida são, provavelmente, coisas que nunca passaram pela tua cabeça, problemas que te vão acordar ás 4 da manhã de uma terça-feira monótona.

Faz todos os dias uma coisa que te assuste.
Canta.
Não sejas inconsequente com o coração das outras pessoas. Não atures pessoas que são inconsequentes com o teu.
Usa fio dental.

Não percas o teu tempo com invejas. ÁS vezes estás á frente, outras vezes estás atrás. A corrida é longa e no final, é só contigo que corres.
Lembra-te dos elogios que recebeste. Esquece os insultos. Se conseguires fazer isto, explica-me como.

Guarda as antigas cartas de amor. Deita fora os antigos recibos bancários.
Espreguiça-te.
Não te sintas culpado se ainda não sabes o que queres fazer da vida. As pessoas mais interessantes que eu conheci não sabiam o que queriam fazer da vida aos 22. As pessoas de 40 anos mais interessantes que eu conheço ainda não sabem o que querem fazer.

Bebe muito cálcio. Sê bom para os teus joelhos. Vais sentir falta deles quando se forem embora.

Talvez cases, ou talvez não. Talvez tenhas filhos ou talvez não. Se calhar vais-te divorciar aos 40 ou se calhar vais fazer a dança doida da galinha no teu 75º aniversário. O que quer que faças, não te felicites demasiado nem te deites abaixo demasiado. As tuas escolhas são meia possibilidade. E assim são as de todos os outros.

Desfruta o teu corpo. Usa-o de todas as maneiras que possas. Não tenhas medo dele ou daquilo que as outras pessoas possam pensar dele. É o maior instrumento que alguma vez terás.
Dança, mesmo que não tenhas nenhum outro sitio que a tua sala de estar. Estuda os passos, mesmo que depois não os sigas.

Não leias revistas de beleza. Elas só te vão fazer sentir feio.

Tira algum tempo para conheceres os teus pais. Nunca se sabe quando é que eles se vão embora de vez. Sê agradável para os teus irmão. São a tua melhor ligação com passado e são as pessoas que mais provavelmente ficarão contigo no futuro.

Compreende que os amigos vão e vêm, mas que uns quantos preciosos vale a pena guardar. Trabalha para construíres uma ponte sobre a diferença entre a geografia e estilo de vida, porque quanto mais velho ficares, mais vais precisar das pessoas que conhecias quando eras jovem.
Viva em New York uma vez, mas parte antes que te faça demasiado duro. Viva em Califórnia do Norte uma vez, mas parte antes que te faça demasiado brando. Viaja!
Aceita algumas verdades absolutas: os preços vão subir. Políticos vão cair. Também tu vais ficar velho. E quando ficares velho, vais fantasiar que quando eras novo os preços eram razoáveis, os políticos eram nobres e que as crianças respeitavam os seus pais.
Respeita os teus pais.
Não esperes que alguém te sustente. Talvez tenhas um fundo de poupança. Talvez tenhas um companheiro rico. Mas nunca sabes quando qualquer um deles pode acabar.
Não mexas demasiado no teu cabelo ou quando tiveres 40 anos vais parecer ter 85.
Tem cuidado a quem pedes conselhos, mas sê paciente com aqueles que tos dão. Dar conselhos é uma forma de nostalgia. Dá-los é uma maneira de ir buscar o passado acabado, limpá-lo, pintar de novo as partes feias e recicla-lo dando-lhe maior valor.
Mas acredita em mim em relação ao protector solar.

Mary Schmich

Originalmente, este texto foi publicado pelo The Chicago Tribune a 1 de Junho de 1997 e depois foi adaptado para úma música do Baz Luhrmann. Já a conhecia a alguns anos, mas era muito raro ouvi-la. Hoje ouvi-a na VH1 e lembrei-me que sempre gostei muito dela. É falada e não cantada e tem um videoclip muito giro. Gosto tanto que tive um trabalhão a traduzi-la (em inglês ficava melhor mas como o texto é grande achei que ninguém o ia ler) e mesmo assim não sei se ficou muito bem. Peço desculpa por alguma gaffe mas acho que dá para perceber como são fofos todos os conselhos.

Pepita

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não há duvida, que se todos fizessemos metade das coisas que mencionaste, viveriamos num mundo melhor!Mas a grande questão aqui é se tu, pepita,usas protector solar???

6:15 da tarde  
Blogger pedro adão e silva said...

é mt bom e a tradução soa também bem, apesar de ter uma ou duas dúvidas (mas como não tenho a versão original à mão não posso confirmar). nunca vi o teledisco, apesar de ter o cd - que é todo mt bom e recomendável.
PAS

7:02 da tarde  
Blogger Triunvirato said...

Adoro o texto e gosto muito da música. Perdi dias de vida a tentar saber o nome da musica na altura.. e de repente um amigo empresta-ma.... ouvi-a tantas vezes na altura que acabei por decora-la. E acho que isto é tipo uma filosofia de vida.... Não muito fácil de por em pratica mas se todos tentarmos... isto ficava bem melhor. Gostei da tradução. E gostei que me lembrasses disto....

Zaga

1:34 da manhã  
Blogger RS said...

Mais vale tarde que nunca: não é usar fio dental, mas antes significa "exibir-se" no sentido de ser exuberante. A tradução correcta será algo como "sê exuberante" se assumirmos o singular.

Tenho uma tradução minha n'A Sombra. Basta ires ao Google e poderás encontrá-la.

Um abraço,
RS

7:56 da tarde  

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