sexta-feira, 2 de abril de 2004

Uma nota triste para a blogosfera

Li que o Desejo casar acabou.
É estranho saber que O blog teminou assim, passados apenas 10 meses de actividade. Ao que parece a razão deste final deve-se à falta de disponibilidade e de motivação por parte dos muitos colaboradores que faziam o Desejo Casar.
Será que todos os blogs sofrem de uma crise de existência por volta dos 10 meses? É que também por aqui parece que houve uma pequena crise (não sei se já ultrapassada) de falta de inspiração/motivação, onde apenas uma de nós ia encaminhando o Pepe.
No entanto acredito que continuamos porque não temos grande sentido de responsabilidade e porque mesmo escrevendo coisas sem grande interesse, de vez em quando vale a pena esperar por uma pérola.

De resto fica aqui o post que me deu a conhecer o blog encerrado, (está cortado porque era muito grande) e que é lindo:

DESEJO AMOR
(...)
Até hoje, o sr. Carvalho foi o único pobre que conheci que não pedia dinheiro. Pedia Amor. Engano-me, ele desejava Amor. Há aqui uma enorme diferença. Se fosse um pedido ele teria escrito Quero Casar. Mas não era um pedido, era um desejo. E ele tinha razão. O Amor não se pede, dá-se. E, por vezes, recebe-se. É algo que se oferece. Não é uma oferta desinteressada, é certo, mas é generosa. O único interesse do Amor é o próprio Amor.
O sr. Carvalho pedia Amor mas, no fundo, o que ele queria era dá-lo. E quando é assim, não se é pobre, mas rico. Dir-me-ão que isto é uma grande laracha… Dir-me-ão, convictos, - Isso é tudo muito bonito, mas ninguém vive sem dinheiro. Talvez, mas o sr. Carvalho, que não tinha uma coisa nem outra, escolheu o Amor. Dir-me-ão que o homem era maluco. Talvez, mas não andamos nós… doidos pelo dinheiro?
Eu cá tinha pedido dinheiro. Mas isso sou eu que sou uma besta. E tenho trinta anos e ainda julgo que vou a tempo de me tornar bestial aos olhos de alguém.
Pode até ser que ele apenas quisesse uma companheira; uma companhia que o aliviasse da solidão em que vivia. Talvez, mas sei perfeitamente que o que ele queria mesmo era Amor. Está na cara…
(...)
O sr. Carvalho foi a poesia mais bonita que eu alguma vez vi sobre o Amor. Ou, pelo menos, a mais original. Não sei se ele alguma vez se chegou a casar. Ou se teve o Amor que merecia. Gostava de pensar que sim. Gostava de lhe desejar essa felicidade. Gostava, também, de lhe agradecer a lição que me deu. Ele ensinou-me esta coisa importante: que todos nós - sejamos quem formos e estejamos onde estivermos - temos sempre este dever para com o nosso Amor: o dever de procurá-lo.
E, encontrando-o, o dever de tirar o cartaz para fora do casaco, para fora da alma, e dizer em letras gordas, com todas as letras, que ele é o nosso Amor. LCA

Pepita