quinta-feira, 11 de dezembro de 2003

Delicioso

Rir? Pensamos alguma vez em rir? Quero dizer, rir verdadeiramente, além da brincadeira, do troça, do ridículo. Rir, gozo imenso e delicioso, gozo completo...
Dizia à minha irmã, ou dizia-me ela a mim, anda, vamos brincar a rir? Estendíamo-nos lado a lado sobre uma cama, e começávamos. A fingir, claro. Risos forçados. Risos ridículos. Risos tão ridículos que nos faziam rir. Então chegava o verdadeiro riso, o riso inteiro, que nos transportava no seu imenso rebentar. Risos desatados, retomados, empurrados, estalados, risos magníficos, sumptuosos e loucos... Oh riso! Riso do gozo, gozo do riso; rir é tão profundamente viver.

d’O livro do riso e do esquecimento; Milan Kundera

Pepita